Demorou, mas saiu. Quero compartilhar alguns bons insights que anotei ao assistir presencialmente a palestra da jornalista e empresária Ana Paula Dahlke durante a programação da ExpoGestão 2023, em Joinville. Ela, mesmo tão jovem, já tem muita história para contar e boas lições para nos inspirar.
No ano de 2019 a jornalista natural de Blumenau se viu diante de uma grande dúvida ao concluir um estágio e ficar disponível para o mercado de trabalho: tentar carreira no eixo Rio SP? Apostar no seu próprio negócio? Ou continuar no mercado regional, buscando algum emprego nos veículos já existentes - todos com poucos (e já ocupados) espaços destinados à editoria de Economia.
Foi aí que ela confiou na sua intuição e acreditou na vontade de “fazer além”, de buscar algo diferente do que já existia disponível até então, e apostou no seu tino de empreendedora - e não apenas jornalista, que são muitas vezes “condenados” a ficar presos/reféns nas redações.
Em 2019 fundou o Economia SC, portal com foco em notícias de economia, negócios, inovação, carreiras e sustentabilidade. E foi onde ela se deparou com muitas possibilidades, um verdadeiro “oceano azul”, fazendo alusão ao livro “A Estratégia do Oceano Azul”, que explora a vantagem de investir em mercados inexplorados.
Outro ponto favorável e facilitador foi já ter bagagem de jornalismo especializado, nichado, onde tinha uma maior identificação - e, cá entre nós, ter tesão pelo que se faz já é grande parte do segredo do sucesso. Ana teve uma experiência anterior como redatora do portal Noticenter.
Também teve a certeza de apostar no jornalismo online em função do que ela chamou de “declínio do jornalismo impresso”, que percebemos nos últimos anos com grande força em todo mundo - e aqui em SC isso só caiu a ficha para muitos quando os maiores jornais de circulação regional, os três da afiliada Globo em SC, o Diário Catarinense, o Santa (Blumenau) e o AN (Joinville), deixaram de ser impressos e circular diariamente, passando a ser somente uma revista semanal.
Ana pontuou que com a pandemia o consumo de conteúdo digital se intensificou ainda mais; pela questão do distanciamento social e até mesmo horas ociosas, o público passou a ficar ainda mais conectado, mais tempo online, e isso - entre outros fatores - contribuiu para acelerar negócios digitais; e com os veículos de comunicação que souberam surfar a onda e engatar de vez no digital não foi diferente, acelerando o crescimento de muitos portais e criadores de conteúdo digital.
Na palestra, também destacou que há hoje - também com mais intensidade de 2020 para cá - uma grande pluralidade de canais além dos tradicionais e até mesmo fugindo um pouco das redes óbvias (Facebook, Instagram…), favorecendo o crescimento de podcasts, serviços de streaming, grupos em apps como Telegram, TikTok e até mesmo o OnlyFans (aqui a Ana mencionou o caso de um museu que está atualmente usando a plataforma destinada a conteúdo adulto para divulgar suas obras de arte, em função da restrição obtida em outros espaços como Youtube). Ou seja, são inúmeras possibilidades de canais para nutrir e compartilhar conteúdo.
Destacou o surgimento e grande alcance de canais que surgiram para se comunicar com comunidades bem específicas (novamente a questão de escolher um nicho de mercado), mencionando outros cases de sucesso de Santa Catarina como os podcasts Jogando para a Plateia e Blumencast e o portal SC Inova, editado pelo jornalista Fabricio Umpierres.
Ela usou a metáfora do filtro de café (aproveitando para destacar a sua parceria com a rede Café Cultura) para fazer alusão ao fato de cada vez mais estarmos filtrando quais conteúdos, quais notícias, desejamos consumir. E o Economia SC, no caso, funciona como um “filtro”, fazendo uma curadoria mais precisa de notícias que sejam de fato relevantes dentro do cenário econômico de SC.
Fez link do êxito do portal por mapear bons nomes do mercado para serem “creators”, como os colunistas fixos que escrevem com assiduidade sobre diferentes temáticas - mas todos dentro do ecossistema eleito por Ana Paula como o norte do portal.
E o “pulo do gato” que inclusive deu título à sua palestra na ExpoGestão 2023: como a editora do portal fez o Economia SC tornar-se, em apenas três anos, o veículo de comunicação de Santa Catarina com o maior número de seguidores no Linkedin? A empresária falou que percebeu que redes como o Facebook já pouco conversavam com a sua comunidade e quase nada convertiam em acessos ao portal, e no Linkedin - além de já ser uma rede social com foco em negócios - ela também poderia fazer novas conexões (do seu próprio perfil pessoal com empresários, que consecutivamente poderiam vir a seguir a página do Economia SC).
Hoje o Economia SC já ostenta mais de 50 mil seguidores no Linkedin - mais do que o dobro do segundo colocado, levando em consideração os veículos de comunicação do nosso estado. O que mais espanta (ao menos a mim) é que esses outros veículos, tão mais antigos e tradicionais, com tanta expertise e tempo de mercado, não enxergaram a mesma rede social como uma oportunidade - e seguiram focando em alimentar somente o Facebook, Instagram e (alguns) o Twitter.
OK que o Linkedin tem mais foco em negócios, mas mesmo assim grande parte dos veículos poderiam ao menos filtrar certas notícias - que dialogam mais com esse universo - para nutrir suas páginas na rede. Não dá para ignorá-la. Portais pequenos que ainda não o fazem dá para entender, pela questão da falta de braço para alimentar tantos canais… mas e os grandes veículos, por que ainda desdenham do Linkedin?
E até mesmo comparado a veículos nacionais, como o portal NeoFeed Brasil, por exemplo, o Economia SC se destaca: tem quase o dobro de seguidores no Linkedin. É, no mínimo, um fato curioso e a ser analisado com critério por essas mídias.
Qual o segredo: Ana Paula Dahlke deixou claro que não tem receita de bolo para fazer um perfil ou página corporativa bombar no Linkedin. Ela obteve bons resultados na tentativa e erro, literalmente esmiuçando a plataforma e aproveitando todos os seus recursos. Mas ela destacou 3 pontos: ser autêntico (não adianta criar personagem); fazer conexões de qualidade (quem faz sentido para mim e para a minha empresa estar entre as conexões que estabeleço na rede?); produzir e compartilhar conteúdos de qualidade (neste ponto ela deu o exemplo dos insights que ela vem compartilhando com certa frequência dos livros que tem lido. Compartilhar aprendizados, lições e - no caso dela - tópicos-chave que mais se destacaram em um livro inteiro são conteúdos de grande valor e que costumam engajar.
Para aumentar seguidores: uma das dicas que ela compartilhou é que cada administrador de uma página corporativa no Linkedin recebe da rede um crédito de 250 convites por mês, para que o usuário possa ir enviando convites bem certeiros, personalizados, para quem de fato faz sentido e tem potencial de passar a seguir sua página.
Já ouviu falar em Media Training? Então, a Ana na ExpoGestão em sua palestra praticamente deu um guia básico de como os empresários (ou seus porta-vozes nas empresas) podem se relacionar com a imprensa de uma forma mais certeira, para colher bons resultados. Isso no caso da empresa não contar com o atendimento de uma agência especializada, como uma Assessoria de Imprensa. Afinal, como ela mesma constatou em suas pesquisas no Linkedin, um número significativo de empreendedores e líderes de sucesso não hesitam em postar em suas redes sempre que conquistam um espaço em veículos de comunicação com credibilidade, como a Exame (exemplo citado por Ana).
Como ter uma notícia da minha empresa na mídia? Como me tornar fonte de matérias? É preciso saber vender seu negócio, inclusive para jornalistas. Explicou o que é o termo “LIDE” no jornalismo, para facilitar o contato entre empresários e jornalistas, para já enviarem textos - ao abordar algum veículo, mesmo que informalmente - que tragam no primeiro parágrafo as respostas básicas para “O quê?”, “Quem?”, “Quando?”, “Onde?”, “Como?” e “Por que?”. Isso para que suas abordagens sejam mais certeiras e despertam o interesse do editor que está recebendo a pauta.
Outro toque interessante: assim como você dá aquela espiadinha que às vezes se tornam horas no Instagram, dedique-se a cultivar relacionamentos pelo Linkedin. Isso inclui: curtir posts, comentar, compartilhar conteúdos da sua área e até mesmo criar artigos. E não esqueça: um conteúdo de qualidade é mais valioso do que compartilhar vários que não agregam em nada. Com essas práticas, segundo Ana, cada vez mais você vai gerar engajamento na sua rede.
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